Capitulo 1 - Fire and Fury

 Capitulo 1  – Os Hunters
 


v  Ano X797 - Terra do Norte.

Nos arredores da capital da terra do Norte, mais precisamente na calma Vila de Arkeum uma violenta batalha por território entre e os Slayers do Norte e a facção das organizações que dominava o Norte, intitulada: ‘Hunters’, já chegava ao clímax final.

Do topo de uma colina bem acima do campo de batalha, o mestre dos Hunters observava tranquilamente a batalha quando um de seus soldados se aproximou e falou:

 “Senhor!” – Ele se anunciou antes de falar. “O que procuramos não está aqui.” – Informou o soldado ao Mestre.

“Entendo! Então também não está aqui.” – Disse o mestre em tom calmo enquanto a batalha continuava a poucos metros dele. Ao todo, cerca de cinquenta soldados Slayers e Hunters se digladiavam com espadas, lanças ou punhais em mãos. Pelo chão vários soldados de ambas as partes permaneciam caídos incapazes de lutar ou mortos, mas o olhar do mestre sobre eles ainda era frio e calmo como se nada daquilo o afetasse diretamente.

“Então, acho que já e hora de acabar com isto.” – Anunciou o mestre ao soldado ao seu lado, que rapidamente tomou aquilo como um aviso e desceu a colina em disparada indo ao campo de batalha, pois já sabia o que vinha a seguir. O mestre permaneceu no mesmo lugar, apenas observando quando então um soldado Slayer apareceu em sua frente, após subir a colina. 

Após o soldado terminar de subi-la, o mestre o olhou de cima a baixo e notou sua aparência, era um homem que já aparatava ter próximo dos trinta anos. Sua aparência já estava desgastada, suas roupas estavam sujas e gastas, possuía uma espada de duas mãos, mas a segurava apenas com mão direita. A espada estava bastante suja de terra e sangue endurecido, porém o sangue não aparentava ser dele e logo o mestre notou o quanto esse soldado já havia lutado antes de chegar ali e que não era qualquer um que havia aparecido a sua frente.

O Slayer por sua vez, logo que olhou para o mestre ergueu a lâmina afrente do corpo, entrando em posição de combate e encarando o mestre que com um falso espanto no rosto falou: “Oh! Um homem de coragem, você é o primeiro que veio me desafiar.”

Sem responder as palavras do mestre, o soldado flexionou os joelhos para frente partiu em sua direção iniciando um ataque.

“Direto ao ponto?” – O Mestre ressaltou com um olhar de falsa surpresa. “Mas infelizmente... já decidi acabar a luta agora. “– Ao final de suas palavras um brilho surgiu nos olhos do mestre simbolizando que ele faria algo.

No campo de batalha logo a baixo, a luta já estava difícil para os Slayers. Em menor número e mais fracos, pouco a pouco eles estavam sendo derrotados sem condições de reagir, quando então os seus adversários começaram a recuar imediatamente como se não se importassem mais com a luta, a ação inimiga deixou um mal pressentimento no ar. Ninguém que estivesse vencendo uma batalha recuaria daquela forma e foi nesse instante que o Mestre dos Hunters começou a agir no topo da colina.

Antes mesmo que o ataque de seu adversário o alcançasse, o mesmo ergueu uma das mãos para cima onde um cristal de cor marrom preso a um tipo de bracelete escuro brilhou em seu pulso. Em poucos segundos, toda terra ali começou a tremer violentamente. Por conta do forte tremor a investida do soldado Slayer foi prejudicada, mas com algum esforço a mais em suas pernas, o soldado Slayer conseguiu manter o equilíbrio e se impulsionar para frente, ficando de frente para o Mestre que se surpreendeu com a capacidade do adversário. Em um rápido movimento, o soldado ergueu sua lamina bem acima da cabeça e a segurou com ambas as mãos para pode usar todo o seu peso no ataque desferindo um corte na horizontal, mas o mestre sequer se moveu, apenas colocou o antebraço afrente de onde seria o local do impacto bloqueando o golpe e em seguida o afastou com um simples movimento, mas apenas com essa ação, o soldado Slayer foi atirado metros para traz e sua espada foi partida ao meio.

“Foi um bom ataque.”  – Iniciou o mestre. – “Mas falta poder.”

Ao terminar de falar, por um instante a os cabelos escuros do Mestre dos Hunters, mudou de cor se tornando castanho e a terra começou a se revirar de dentro para fora como uma trituradora. Os soldados em campo abaixo, logo perceberam o motivo da retirada adversaria. Então de imediato todos iniciaram uma retirada as presas também, mas em instantes o campo de batalha se abriu em várias partes e todos os soldados começaram a cair nas valas que se abriam e poucos momentos depois de serem soterrados eram trazidos de volta a superfície por conta dos movimentos do solo. Sufocados por conta da terra, todos buscaram um ponto de apoio qualquer. Poderia ser uma arvore ou uma pedra, não importava o que fosse, contanto que ainda os mantivesse na superfície.

Mas seus esforços foram inúteis! Como último movimento, um enorme pilar de pedra começou a se erguer do chão alcançando quase dez metros de altura, porém aquela construção mal durou por um instante e do topo da colina o mestre fez um simples movimento de levantar abaixar a mão e em sincronia, toda o pilar de pedra desabou com todo seu peso e força espalhando uma onda de terra que foi em todas as direções. Após o final do evento, apenas um silencio mortal foi deixado.

“Acabou! “– Exclamou o mestre Hunter com olhar de vitória e superioridade no rosto e após toda a destruição que causou, simplesmente deu as costas a todo o cenário que havia criado. Ele deu o primeiro passo para ir embora, mas foi surpreendido quando sentiu algo segurando seu pé por um instante. Ao olhar para o chão o mestre viu o saldado Slayer com apenas metade do seu corpo soterrado segurando seu pé esquerdo.

“Ainda está vivo…” – Com um olhar mais atento o Mestre dos Hunters notou que soldado Slayer estava desacordado. Para o mestre, apena o fato dele ter sobrevivido já era impressionante, mas ainda querer lutar mesmo inconsciente ainda mais incrível. “Nada mal, acho que posso usar sua determinação para algo.”

Após dizer aquilo, o mestre virou seu olhar para os seus soldados que haviam recuado antes de seu ataque, e disse apenas algumas palavras.

“Vamos voltar.”

Cerca de meia hora se passou e inacreditavelmente alguns poucos soldados conseguiram imergir da terra e das pedras, chegando ainda vivos a superfície após a toda a destruição, alguns outros ainda tiveram sorte de terem ficado em uma área que foi menos afetada pela onda de terra e conseguiram até se levantar e ver o campo de destruição adiante, mas logo também notaram que o Mestre Manter havia partido.

Não havia mais nada a se fazer, essa foi mais uma derrota para os Slayers. 

Pouco tempo se passou e um segundo grupo Slayer chegou ao local da batalha, sua missão era ser o reforço dos combatentes atuais, mas logo que que o esquadrão de reforço se deparou com o estado do campo de batalha, todos os soldados perceberam que haviam chegado tarde demais para ajudar.

Não tendo muito mais a se fazer, o esquadrão de reforço fez o que tinha ao seu alcance e iniciou o resgate e tratamento dos feridos, tirando-os da terra e de entre as pedras. 

E entre eles havia um rapaz com aparência já meio cansada e respiração ofegante, como se ele tivesse corrido com todas as forças antes de chegar ali. Mesmo que sua aparência fosse um pouco mais jovem do que a da maioria das pessoas que haviam chegado com ele, ele também era um Slayer que logo ao chegar naquele lugar observou com um olhar desolado o que antes era uma planície com uma colina mais acima.

Nada daquilo se parecia com o que se lembrava de antes, no entanto a aparência do campo de batalha não era a causa de sua maior preocupação. Em seu interior outra coisa o afligia mais e era a falta de uma pessoa que ele não conseguia ver em parte alguma.

Então com um olhar perdido sobre o campo de batalha e os poucos soldados que se podia ver caídos no chão, o rapaz soltou apenas algumas palavras preocupadas. – “Onde você está pai?”

Deixando de lado seus pensamentos preocupados, o rapaz decidiu voltar ao foco de sua tarefa e se juntou aos outros Slayers para a ajudar os soldados sobreviventes, já que eventualmente ele poderia acabar o encontrando.

Mas ao passar de certo tempo, o rapaz já havia ajudado a desenterrar mais de uma dezena de pessoas e felizmente dentre elas haviam alguns sobreviventes, mas a grande maioria já estavam sem vida quando encontrados. Por mais que a devastação do terreno fosse grande, tudo aconteceu em uma pequena área que ele já conhecia, lhe facilitando a busca.

Mas a cada pessoa que ele encontrava e percebia que não era a que estava procurando, sua preocupação aumentava, até que aparentemente o ultimo soldado perdido foi encontrado felizmente ainda estava vivo a quase dois metros dentro de uma fenda no chão, mas provavelmente a sua vida de soldado já estava acabada.

Após concluir seu trabalho, o rapaz passou seus olhos por todo o campo de batalha vendo os sobreviventes sendo levados e os mortos sendo reunidos em um outro lugar, lhe dando a conclusão.

– “Ele não está aqui.” – Ele não conseguia imaginar seu pai fugindo e abandonando seus companheiros em meio ao combate, mas também não conseguia parar de pensar na possibilidade de ele estar morto em outro lugar. Mas para afastar essa ideia de si, o rapaz balançou a cabeça de um lado para o outro espantando esse pensamento e voltou a raciocinar mais claramente.

– “Ele não está morto.” – Ele fixou esse pensamento na mente. – “Então para onde ele foi?”

Em meio a toda desolação, o olhar atento do rapaz viu o único lugar que tinha o menor rastro de destruição. A colina bem a sua frente era o único lugar que não estava totalmente em ruinas, mas logo que ele focou sua atenção naquele lugar a luz do sol refletiu onde estava o que parecia ser uma lâmina de aço semelhante à de uma espada.

Em um salto rápido, o rapaz correu para a pequena colina que agora parecia mais um morro em comparação a antes. Subiu a elevação em um único salto e já acima encontrou um cabo que completava a lâmina.

O mesmo tinha uma cor cinza escurecida com detalhes em preto e uma lâmina acinzentada que ele já havia visto incontáveis vezes na bainha que ficava na cintura do seu pai, não lhe deixando dúvidas a quem pertencia. 

– “Certo...” –

Tomando todo ar que podia e depois o soltando, o rapaz tomou coragem, segurou o cabo da espada e a puxou do chão, mas ao desenterra-la viu que sua lâmina havia sido partida ao meio e a parte que aparecia sobre a superfície era tudo que havia sobrado dela. O chão ao redor estava todo remexido deixando a superfície bem maleável e fácil de se escavar.

Então após um breve momento para reunir forças, o rapaz se ajoelhou e começou a cavar e revirar toda a superfície próxima com as mãos em busca de algum corpo, mas para o seu alivio não encontrou nenhum corpo enterrado próximo a lâmina partida.

No entanto, sua preocupação ainda o seguia e a dúvida de onde ele poderia estar ainda circulava por sua mente.

Então, olhando mais atentamente para buscar pistas, o rapaz percebeu dezenas de marcas de passos encravados na terra fofa. Pela aparência os passos eram recentes e todos iam na mesma direção: o fim da vila de Arkeum, onde também havia uma floresta.

O jovem imediatamente se levantou e olhou firmemente em direção a floresta. Agora que havia encontrado o pedaço da espada e as pegadas, as possibilidades levavam a apenas duas conclusões: Ou ele havia seguido os adversários ou havia sido pego como refém e em especial, a segunda opção era a que mais incomodava o rapaz que agora tinha uma importante decisão a tomar. O jovem olhou para traz por um instante e viu seus companheiros cuidando dos soldados feridos, então logo soube que não poderia pedir ajuda a ninguém.

Apenas ele poderia prosseguir e então sem muito pelo que hesitar, o rapaz deu o primeiro passo à sem pensar duas vezes e continuou seguindo em frente, mas após o terceiro passo sentiu seu pé afundar na terra praticamente de uma única vez, logo em seguida boa parte do terreno próximo se rachou e parte lateral do morro desmoronou em seguida.

Pego de surpresa, o rapaz acabou rolando morro abaixo e quase sendo soterrado pela terra que encobriu quase completamente o seu corpo, mas tirando o fato de ter rolado alguns metros para baixo, o rapaz estava bem e rapidamente se levantou mesmo que ainda um pouco tonto pelo que havia acontecido.

Durante a queda o rapaz notou que havia perdido o pedaço de espada que estava segurando e provavelmente não o acharia tão facilmente, mas também não iria perder tempo procurando, então ele apenas se levantou e começou a dar longos e pesados passos para sair do meio da terra.  Certo esforço foi necessário, mas logo ele conseguiria sair.

No entanto, enquanto tentava sair do lugar onde estava, um dos passos do rapaz acabou desenterrando algo. O objeto era pequeno e brilhante, uma pedra que rolou um pouco a sua frente ganhando atenção principalmente pela sua cor que era de um azul muito profundo e brilhante.

Curioso com o objeto, o rapaz estendeu a mão para toca-lo, mas no momento que o fez uma corrente elétrica passou por todo o seu corpo. Como reflexo o rapaz soltou a pedra e caiu para trás ficando sentado no chão. Após a descarga a mão do rapaz começou a formigar e tremer, confuso com o que havia acabado de acontecer o rapaz voltou a olhar para o chão e viu a pedra bilhar em azul marinho com uma luz mais esbranquiçada em seu centro. 

E mais uma vez na roda do destino, uma nova engrenagem foi adicionada.

Era difícil de se acreditar, mas em seu interior o rapaz tinha uma vaga e inacreditável ideia do que aquilo poderia ser, então apenas com o olhar o jovem começou a analisa-la por completo.

– “Uma pedra de cor azul profundo e brilhante que controlava a eletricidade... Não.” – ele se corrigiu por um momento. – “Que controlava os trovões”.

Seu pai já havia lhe contado sobre as pedras elementares, lhe dito sobre seus poderes, como elas eram misteriosas e dos rumores de que ainda poderiam haver pedras que nunca foram vistas em combate ou pelos soldados daquela geração.

– “Não pode ser...”

Pela primeira vez naquele momento esperança brilhou. A batalha perdida que os Slayers lutavam a tanto tempo parecia ter recebido um único e novo fio de luz em meio as trevas. 

Reunindo toda a coragem que tinha em seu corpo o rapaz mais uma vez se esticou em direção a pedra azulada, pairou sua mão alguns instantes sobre a mesma e a pegou. O rapaz fechou os olhos fortemente quando a segurou, pois esperava um choque como anterior, mas não foi o que ocorreu.

Após a segurar firme por um instante o rapaz abriu sua mão e viu a pedra azulada. Pensou no poder que aquele pequeno objeto tinha e sem pensar duas vezes apenas pensou em como poderia usá-lo para salvar seu pai, então sem olhar para traz ele se virou em direção a floresta e começou a seguir os rastros deixados pelos inimigos.

***

Alguns quilômetros à frente, o batalhão Hunter seguia cortando a floresta em ritmo moderado, acreditavam que não tinham nada a temer e nenhum Slayers teria a coragem de segui-los após sua derrota, porém o Mestre dos Hunters por um instante sentiu um breve arrepio na nuca.

Não era uma sensação ameaçadora e nem de alerta, mas era como algo houvesse mudado no ambiente. Algo que ele não sabia descrever bem.

Então, por um breve instante ele que estava liderando seu grupo, parou e olhou para traz observando apenas a floresta de arvores baixas e espelhadas que haviam ao redor.
 
- “Não deve ser nada”. – Ele convenceu a si mesmo e depois voltou a seguir em frente.

Em outra parte da floresta, o rapaz perseguia os rastros deixados pelos inimigos. Em sua grande maioria os rastros eram de pegadas ainda recentes e de fácil visualização, por isso não precisou se atentar muito aos detalhes e apenas correu praticamente por todo o caminho. Um pouco mais de uma hora de perseguição se passou, até o rapaz encontrar um grupo de dezenas de soldados Hunters recuando pela floresta.

Logo que encontrou o batalhão inimigo o rapaz parou a sua corrida e se escondeu atrás de uma arvore para não ser notado, tentou controlar a pesada respiração que saia de sua boca e acalmar seus nervos.

Agora que os havia encontrado não poderia fazer nenhum movimento mal calculado, mas para determinar se poderia agir ele precisava confirmar se seu pai estava em algum lugar nos arredores. Então controlando o som de seus passos o rapaz se afastou levemente do grupo e seguiu paralelamente a ele por dentro da floresta.

Em uma contagem despretensiosa os inimigos estavam em um pouco mais que cinquenta soldados, o grupo era tão grande ocupava toda a trilha que cortava a floresta e até mesmo os arredores delas, então foi preciso fazer um percurso um pouco mais longo, mas ao tomar a distância certa ele pode observar bem cada pessoa que seguia.

Adiante, haviam soldados feridos sendo carregados, outros em melhor estado caminhavam mais para o fundo do grupo servindo de guarda e a grande maioria estava armada com espadas em suas cinturas. Mais à frente do grupo uma pessoa se destacava: um homem alto que andava com um ar imponente e nem sequer parecia ter saído de uma batalha por causa das roupas limpas que estava usando e logo o rapaz concluiu que deveria ser algum tipo de líder.

No entanto, algo chamou a atenção do jovem logo em seguida, caminhando junto ao suposto líder, havia um soldado que caminhava carregando o corpo de alguém deitado por cima de seu ombro. Não era possível ver o rosto do homem desacordado, mas as suas caraterísticas físicas e os cabelos curtos e escuros foram reconhecidos de imediato pelo rapaz.

A princípio sua vontade foi de se levantar e correr em sua direção, mas ele mesmo tinha a noção de que não poderia fazer isso, então permaneceu imóvel controlando a si mesmo, não podia atacá-los de frente ou iniciar qualquer ação que tirasse seu elemento surpresa.

Mesmo que ele ainda pudesse usar a pedra do trovão que havia encontrado, a utilizaria apenas como um último recurso para um momento de grande emergência, então colocando aquilo em mente o rapaz apenas continuou seguindo o grupo por cerca de mais uma hora.

Em algum momento, os Hunters saíram da trilha e entraram vários quilômetros dentro da floresta começando a entrar em uma parte que nem mesmo o perseguidor sabia da existência. As arvores tinham os troncos maiores, mais fortes e eram tão altas que para se ver a capa era preciso inclinar toda a sua cabeça para cima, o clima ao redor também havia esfriado um pouco dando sinais de que eles estavam se aproximando das montanhas ao extremo norte.

Com uma rápida olhada na direção do sol, o rapaz calculou que já estava próximo das duas da tarde e ele já estava em perseguição a pouco mais de três horas, mas para a surpresa do perseguidor enquanto ele permanecia em seu encalço, uma construção enorme surgiu em meio a floresta.

Ela tinha uma aparência antiga, porém era grande e imponente possuindo dois andares, um grande portão de ferro com muros altos que a cercavam, mas com a chagada dos soldados esse mesmo portão foi aberto para a sua entrada e de imediato o rapaz se escondeu atrás de uma arvore e permaneceu ali enquanto todos passavam pelos portões.

No rosto do rapaz uma expressão de surpresa se formou rapidamente ao ver o lugar. Ele havia passado grande parte da sua infância explorando aquela floresta e mesmo que nunca tivesse explorado o caminho que havia passado hoje, jamais passou por sua cabeça que o esconderijo inimigo fosse em um local tão aberto e exposto. Mas logo seu fascínio sumiu ao perceber que o número de soldados já estava em menos da metade. Ele então voltou a se focar na missão e com um olhar atento observou todos os pontos que pudessem servir como uma entrada para ele, porém o muro tinha quase quatro metros de altura, sem nenhum ponto que pudesse servir de apoio para uma subida, escalar o portão também estava fora de questão, seria visto de imediato se o fizesse, então apenas lhe sobrou se misturar com os soldados e entrar com a multidão.

Antes de iniciar seu plano, o jovem esperou a passagem de todos os soldados para dentro da mansão, olhou rapidamente para todas as direções procurando algum soldado inimigo que viesse mais atrasado, mas como não viu nada ele saiu de trás das árvores rapidamente para alcançar o portão antes que se fechasse. O rapaz procurou não apressar muito os passos para não chamar atenção para si, pois sua expressão nervosa o denunciaria no mesmo instante. Ele tentou ao máximo possível manter a expressão facial normal enquanto o suor se escorria aos pingos pelo seu rosto.

Seguindo dessa forma ele conseguiu passar pelos portões antes que se fechassem e entrar oficialmente no covil inimigo. Olhando de perto era fácil notar que a construção era ainda maior do que parecia, parte da estrutura era de madeira outra parte de concreto ou algo do tipo.

Entre os portões e as portas de entrada havia um tipo de jardim, mas não havia nenhum tipo de decorativo, apenas um caminho de pedras que levava direto para a porta principal.

Mas antes de andar para qualquer lugar o jovem analisou os pontos que ele poderia utilizar para entrar na mansão. Nas laterais haviam dois longos becos que provavelmente dariam na parte de trás da mansão e poderia ser uma boa ponte de entrada, havia também as janelas nos andares de cima, mas além de estarem muito altas, uma escalada o deixaria muito visível a qualquer um que se aproximasse.

Mas era difícil entrar sem ter o reconhecimento total do lugar, por enquanto ele estava sozinho no jardim da frente, mas já considerava que um lugar como aquele deveria ter guardas por toda parte e logo alguém apareceria pra cumprir essa função.

A porta da frente ainda estava aberta após a passagem dos últimos soldados mais feridos. De repente um rangido enferrujado começou a soar pelo lugar, chamando a atenção do rapaz e o fazendo olhar para traz onde viu o grande portão de ferro se fechar lentamente, até se trancar emitindo um rápido barulho metálico.

O jovem ficou mais calmo após perceber que não era nenhum perigo, mas também percebeu que a partir dali não havia mais volta. Foi então quando o rapaz começou a ouvir o eco de duas vozes se aproximando, seguido calmamente até a lateral da mansão o rapaz rapidamente notou dois homens se aproximando lentamente enquanto conversavam de forma despreocupada.

- “Já estão montando a guarda novamente.” – Concluiu internamente, agora suas opções haviam se reduzido e ele tinha que agir agora, então ele apenas correu o mais rápido que pode, subiu alguns poucos degraus da escada de acesso e passou pelo pequeno terraço que separava as escadas da porta de entrada e assim a invadiu.

- “Eu entrei.” – falou desacreditado, já dentro da construção olhou tudo ao seu redor, mas preferiu não se atentar a nada para não perder tempo. Do lado de fora era fácil se misturar com a multidão, mas se fosse encontrado lá dentro provavelmente seria descoberto. Então logo se começou a andar, pois também não podia ficar muito tempo parado.

Logo que entrou andou um pouco por um curto corredor que dava cesso a um salão principal. Procurou se esgueirar pelo canto da sala para não ser avistado tão facilmente, mas incrivelmente não haviam guardas pelos corredores ou até mesmo soldados comuns andando pela construção, algo que que gerou certa desconfiança.

– “Não tem ninguém nesse lugar...?” – Após o grande salão havia algumas salas mais afrente que davam em outros corredores que também pareciam vazios, sinceramente o jovem não sabia se estava com sorte ou com muito azar de estar aqui agora. Mas de toda forma não tinha tempo de pensar nisso agora. Devia começar a procurar o mais rápido possível, então começou a andar pelos corredores do esconderijo. A maioria dos corredores davam apenas em portas ou cômodos comuns de uma casa.

Corredor após corredor e quarto após quarto, o invasor procurou sem parar. O lugar era um labirinto enorme por dentro, mas ainda assim ele continuou sua procura até passar na frente de um salão, onde encontrou um homem amarado a uma cadeira no meio. Em um movimento praticamente automático o jovem correu para o meio da sala para desamarra-lo.

 - “Pai.” - Falou enquanto corria. Assim que chegou próximo ao seu pai ele rapidamente o desamarrou das cordas que o prendiam e segurou seus ombros para acorda-lo. – “Pai... Ei...”

Vendo que seu pai não reagia aos seus chamados o rapaz começou a balança-lo agressivamente enquanto falava – “Não é hora de dormir... acorda!” – Após as insistentes tentativas o homem começou a dar sinais de estar acordando, primeiro resmungando algumas palavras sem sentido e em seguida abrindo os olhos.

- “David?...” – O pai chamou pelo nome do filho – “Por que você...”

- “Acordou, ainda bem. Eu vim te salvar!” – exclamou David com uma expressão mais aliviada em seu rosto.

Ainda confuso após ter acordado, o Pai de David olhou para todo local ao redor como se estivesse reconstruindo o houve antes de acordar e assim rapidamente se lembrou de tudo em rápidos flash de memória.

- “Como chegou aqui?” – Perguntou seu pai com uma expressão assustada em seu rosto.

- “Eu procurei o senhor por todo o campo de batalha, mas quando não o achei... segui os rastros deixados pelos soldados Hunters e cheguei aqui.”

- “Não, isso foi uma péssima ideia, temos que sair daqui agora.” – Falou o homem enquanto se levantava tão bruscamente que perdeu o equilíbrio por um instante, mas teve sua queda aparada por seu filho.”

- “Eu sei.” – Falou David, que então colocou o braço do seu pai em volta do seu pescoço para apoiá-lo e começar a andar, mas nesse mesmo momento um barulho de palmas tomou conta do lugar e fez David rapidamente se virar em direção a porta, onde viu um homem parado em frente a ela.

 - “Que bela cena, um filho vindo salvar o seu pai!” – As palmas lentas do Mestre Hunter ecoavam cada vez mais alto pela sala. – “Realmente tocante. Desde que eu o senti na floresta, eu não pensei que você realmente teria a coragem de nos invadir. Realmente fiquei surpreso.”

- “Droga, por que logo ele tinha que aparecer...” – O homem comentou com uma expressão que misturava preocupação e nervosismo. Poucas vezes David havia visto seu pai fazer esses tipos de expressões, mas com um olhar mais atento sobre os adversários. David percebeu que aquela era a mesma pessoa que parecia liderar os soldados pela floresta.”

- “Quem e ele?” – Perguntou David presumindo que seu pai o conhecia.

- “Não um adversário qualquer... ele é o líder dos Hunters e o dono da pedra da terra.” Após a resposta do seu pai, David entendeu o motivo da sua expressão de nervosismo.

- “Mas que caras são essas?” – Disse o Mestre com um sorriso de falsa cordialidade. – “Parecem nervosos. Mas o único que deveria estar nervoso aqui sou eu que teve o território invadido.” – Finalizou o Mestre um tom de voz mais obscuro.

Bastaram poucas palavras para que o Mestre conseguisse imprimir sua superioridade apenas com aquelas poucas palavras e um olhar mais sério, David e seu Pai sentiram como se um peso se instalasse sobre suas costas.

- “Você não deveria ter vindo.” – Disse o pai de David o repreendendo. – “Esse homem não é alguém que se possa ser enfrentado de frente.”

- “Eu sei. Mas ainda assim eu não podia te deixar aqui, eu tinha que vir.” – O rapaz exclamou fortemente enquanto olhava para o seu pai.”

- “Já terminaram as despedias? Eu sinceramente já estou ficando impaciente com isso.”

- “Despedidas? Então pretende nos matar?” – O pai de David perguntou sem muitas pretensões.

- “Não, apenas o garoto vai morrer, para você eu ainda tenho alguns planos.”

“O que disse? “– O pai de David exclamou com um olhar ainda desacreditado.

- “Não me dei ao trabalho de trazê-lo até aqui para nada, você é um bom guerreiro, mas quanto ao garoto... não é necessário.” – Finalizou o mestre falando em um tom extremamente natural.

- “Desgraçado...” – Praguejou mentalmente, mas logo recobrou a calma e voltou a pensar naturalmente. – “David, me escute.”

Logo que ouviu as palavras de seu pai, David olhou em sua direção lhe dando sua atenção. – “A partir de agora não temos nenhuma escolha além de lutar, mas ele não e um adversário que se possa ser enfrentado de frente.

- “Entendo, então qual é o seu plano?”

- “Bem, jugando pela personalidade dele... ele está nos menosprezando, então provavelmente não vai usar toda a sua força contra nós e isso pode nos dar uma vantagem. Você ainda se lembra do caminho para sair daqui?”

- “Bem, um pouco...”

- “Então é melhor começar a se lembrar, nós dois vamos para cima dele e na primeira chance você tem que fugir daqui.”

- “... E o senhor?”

O pai de David não respondeu à pergunta, deixando um silencio que já respondia à pergunta de David.

- “Não! Eu não vim aqui para abandona-lo.” – O rapaz disse erguendo a voz, com um tom de indignação.

- Não está me abandonando! Eu estou ficando para traz por vontade própria.”

- “Mas...” -

- Sem mas, apenas me obedeça!” – O pai de David, o repreendeu.

– “Ora, estão falando sério?” – O mestre interrompeu com um tom de risada. – “Vocês estão sem a suas armas Slayers, sem elas vocês são inofensivos. Eu posso destruí-los em segundos se desejar e vocês ainda querem lutar?”

- “Estamos sem muitas opções.” – Disse o Pai de David com uma risada forçada, mas um segundo depois o mesmo mostrou uma expressão de total seriedade.

Analisando parte do terreno o homem observou tudo ao seu redor e viu com atenção a porta bem atrás do mestre, na sala ainda haviam duas janelas atrás deles que poderiam servir como rota de fuga também, porém ele não sabia como poderia estar o terreno do lado de fora, mas de qualquer forma isso seria útil em algum momento.

            – “Escute! lutar com ele assim é morte certa, nossa melhor chance e distrai-lo e escapar na primeira oportunidade, entendeu?”

- “Entendido.”

Vendo que seus adversários estavam determinados a lutar o Mestre Hunter começou a caminhar na direção de David e seu pai, cada vez mais chegava mais próximo. Era como se uma sombra crescesse na direção deles prontos para engoli-los, então de forma sincronizada os dois colocaram as mãos afrete do rosto com posições de combate semelhante em preparação para a batalha. 

– “Vou contar a vocês uma coisa antes de lutarmos...” – O mestre anunciou.

- “E o que é? – O rapaz perguntou.”

- “Vocês vão morrer aqui!” – Após dizer essas palavras, o ar por toda a sala ficou mais pesado, a expressão de agressividade e superioridade do mestre encarava David e seu pai, mas sem escolhas além de lutar eles correm na direção do mestre sem se acovardar.

- “Vamos lá!” – um pouco impaciente, David fez o primeiro movimento para atacar o mestre e começou a dar vários golpes e socos em sequência, mas o mestre desviava facilmente com leves saltos para trás ou para os lados ao mesmo tempo que David permanecia alguns poucos metros afastados e diferente do que havia dito antes, ele não veio diretamente para o ataque e permaneceu analisando a situação.

No seu interior, o pai de David tinha ciência que o mestre Hunter controlava o elemento terra, mas não havia nada naquela sala que ele pudesse controlar, então logo tomou aquilo como vantagem e esperou o momento certo para fazer sua investida. 

David por sua vez, continuava desferindo vários socos em sequência e o mestre apenas casualmente desviava. Então em um rápido salto para frente, o Pai de David se aproximou o suficiente para um ataque, no entanto ele não desferiu nenhum golpe, ao invés disso foi David que mudou de postura e desferiu um soco cruzado.

Mas o Mestre com uma das mãos bloqueou e o conduz o golpe o fazendo passar direto por ele, em seguida o Mestre apontou um dedo na direção do pai de David e depois o direcionou pra cima fazendo uma pequena pedra levitar do chão e atingir a parte de baixo do rosto do pai de David o deixando surpreso e o fazendo cambalear alguns passos para traz.

- “Está surpreso?” – perguntou o Mestre. – “Por acaso pensou que podia analisar o meu estilo, enquanto ficaria afastado na falsa segurança de eu não usar meu poder Elemental?”.

Após ter seu golpe bloqueado e ter sido afastado um pouco, rapidamente David viu seu pai cair no chão após ter sido atingido. – "o que foi aquilo... uma pedra? “

– “Espero que não ache que o conceito “elemento terra” se aplique apenas ao solo. Eu posso controlar pedras, a sua densidade e formas também. Todo esse lugar está no domínio do meu poder.” – explicou o Mestre calmamente.

Vendo o mestre de costas fazendo a explicação de seu poder a seu pai, David aproveitou aquela pequena distração e foi correndo a sua direção, mas de repente sentiu um dor perfurante em suas costas, após ter sido atingido por uma pedra bem no meio das costas e o fazendo cai no chão também.

 - “Estão vendo? só preciso de uma pedra para acabar com vocês.” – Disse o mestre com superioridade, enquanto David e seu pai estavam caídos no chão.”

- “Ai...” – Ao olhar para traz por um instante, David viu que pedra era não do tamanho de uma maçã, mas sua força o derrubou tão facilmente que o deixou irritado, então voltando a se focar na luta, o jovem tentou acalmar seus ânimos e voltar a se levantar. – “Mas... Eu só tenho de esquivar e me aproximar. Eu ainda tenho a pedra do trovão e seu conseguir a usar no momento certo... posso até conseguir uma abertura boa o suficiente para nós dois fugirmos.” – pensou ele erguendo seus punhos da afrente do rosto com um olhar bem mais concentrado.

– “David! Não esqueça nosso objetivo!” – Alertou seu pai gritando a sua frente. Ele conhecia bem a personalidade do seu filho e sabia que quando ele se focava em algo, dificilmente escutava alguém ou mudava de ideia.

- “Sim!” – Respondeu quase que forma automática e correu em direção do mestre Hunter que logo depois lançou a pedra em David que se abaixou a fazendo passar por cima de sua cabeça, mas logo em seguida o mestre trouxe a pequena pedra de volta acertando David pelas costas o fazendo cair outra vez.

Levantando em um rápido salto, o pai de David voltou a correr em direção do mestre Hunter, desferindo vários golpes que foram esquivados com rápidos movimentos. Os golpes do pai de David eram diferentes, diferente do garoto o homem tinha grande pressão em cada golpe e também bastante cautela a cada movimento. Se recuperando rapidamente após ser atingido pela segundo vez, David logo se levantou ao ver seu pai lutando e voltou a atacar.

– “Isso mesmo, venham os dois...” – disse o mestre enquanto os dois o atacaram ao mesmo tempo, mas o mestre desviou dos golpes de ambos ao mesmo tempo e enquanto fazia isso, fez uma pequena pedra se erguer do chão e a jogou na direção das costas do pai de David, mas dessa vez ele já estava esperando esse tipo de movimento e consegue reagir a tempo se virando de costas e segurando a pedra com ambas as mãos surpreendendo o mestre por um instante, mas sem perder um instante sequer fez a pedra continuar indo em frente e arrastar o pai de David para frente.

No entanto, no momento que o Mestre deu um breve foco no pai do rapaz, David se aproximou rapidamente surgindo de suas costas e acertando um soco que atingiu a lateral do queixo do Mestre lhe deixando atordoado por alguns poucos instantes. Então o pai de David em um rápido raciocínio soltou a pedra que ainda estava sobre o efeito da energia Elemental do mestre e foi em direção ao mestre o acertando na testa. O mestre inclinou o rosto pra traz e ficou parado naquela posição um instante sem falar nada.

 - “Acertamos!” – Comemorou o rapaz em tom vitorioso. 

- “Mesmo tendo uma força sobre humana, acertar golpes nos locais certos ainda causam danos.” – Refletiu o pai de David, porém o Mestre não fez nenhum outro movimento, na verdade mesmo após ser atingido, ele praticamente não fez movimento nenhum.

- “Agora David, para a porta!” – O Homem gritou. Obedecendo imediatamente seu pai, David correu em direção a porta, seguindo uma direção diferente o Homem correu em direção a uma das janelas. Mas enquanto isso o mestre, que não havia feito movimento disse algumas palavras.

– “Bem... esse golpe de agora até me surpreendeu um pouco, vou parabeniza-los! Mas...” - De repente o pai de David sentiu uma intenção assassina vindo do Mestre Hunter. – “Agora vocês me deixaram um pouco irritado.”

Enquanto corria em direção a porta, David olhou rapidamente para trás, quando o mestre levantou seu rosto e olhou para frente, uma expressão bem mais séria estava fixada em seu rosto. Uma aura de cor marrom começou a surgir do corpo do Mestre e o acumulo de poder fez o chão começar a tremer e se rachar. De repente David sente uma mão tocando seu peito, não sabia de onde ou quando, mas no momento que piscou os olhos o Mestre já estava bem a sua frente e em seguida apenas foi empurrado, mas a força do toque do mestre jogou o rapaz metros e metros para frente. Após isso. várias pedras saíram do chão acertando o pai o seu pai bem a afrente dos seus olhos, o pai de David voou alguns metros pra traz, até entrar em contato com chão e parrar após alguns metros de arrasto.

Praticamente do outro lado da sala, o Mestre surgiu bem afrente do pai do rapaz, não ouve tempo para reagir antes de poder mudar a sua trajetória, o Homem levou um chute que atingiu seu estomago e o jogou vários metros para traz, até parar bruscamente atingindo uma parede.

Vendo seu pai ser golpeado e voar até perto dele, David se levantou e correu até ele rapidamente o segurando e o ajudando a se sentar.

- “Pai, você está bem?” – Perguntou o rapaz com muita preocupação na voz.

– Não muito.” - Fez uma pausa parra tossir um pouco e logo que pode continuou a falar:
- Escute David, eu vou tentar consegui outra abertura, você deve fugir! Você é rápido, vai conseguir.”

- “Não sem o senhor.” – O rapaz retrucou.

– “Não vai ser possível! Ele vai nos impedir, mas se eu conseguir imobiliza-lo por alguns instantes, você terá uma chance.”

- “Não! Podemos sair daqui juntos.” – Insistiu o rapaz. A determinação em seus olhos era forte e já conhecendo sua teimosia, seu pai sabia que ele não recuaria de forma nenhuma sem ele.

- “É impossível.” – Disse o homem tentando passar imponência, mas sua voz não conseguia.

-“É possível.” – O rapaz insistiu. – “Nós ainda temos uma chance.”

- “Do que está falando.” – O homem perguntou intrigado com as palavras do seu filho.

- “Bem, eu estava guardando isso para um momento de emergência e esse momento é agora.” – Levando a mão até o bolso lateral da calça, o rapaz pareceu pegar um objeto e mantê-lo fechado na mão, mas aquilo não passou despercebido nem pelo mestre nem por seu pai.

- “O que é isso?” – Perguntou seu pai.

- “É algo que eu encontrei.” – Disse o rapaz abrindo a mão e mestrando cristal azul. 

- “David, você...” – Seu pai iniciou com um olhar incrédulo, mas quem mais pareceu incrédulo foi o Mestre Hunter.”
– “Onde achou isso garoto?” – Perguntou o Mestre espantado.

– “Não tenho obrigação de respondeu.” – Rebateu o rapaz e ainda adicionou algo. – “E meu nome não é garoto, é David Mayson.” – Respondeu com bastante força na voz.

- “Mayson? Hm.” – O mestre fez algum suspense antes de falar, mas logo fez sua expressão indiferente de sempre. – “Então, a sensação que tive antes veio dele. Bem não importa.” – O mestre concluiu seu pensamento.

- “Então, pretende me desafiar para uma luta. Quanta coragem, mas antes de começarmos me responda algo, você sabe ativar essa pedra, garoto?” – A pergunta do Mestre fez a expressão de confiança de David praticamente evaporar dando lugar a uma expressão confusa.

- “Ativar?” – Perguntou David pego de surpresa com a pergunta. 

- “Por que eu perguntei?” – Disse o mestre ainda em tom de sarcasmo – “Está claro que não, então já que está pedra não tem utilidade nenhuma para você! Que tal passar ela para min garoto? Se fizer isso, eu posso até considerar deixa-lo viver.”

- “Não a entregue David! Ela não pode cair nas mãos dele.” – Seu pai disse tão fervorosamente que assustou David um pouco, porém para ele era compreensivo, aquele tipo de poder não poderia cair nas mãos de um inimigo.”

– “Eu não vou entregar.” – David respondeu.

– “Não vão entregar?” – Perguntou o Mestre em tom de falsa surpresa. – “Entendo, então vocês não me deixam com muita escolha.”

O mestre então deu um simples passo a frente, mas no mesmo instante que fez isso, seus cabelos mudaram a tonalidade instantaneamente, da mesma forma que aconteceu em cima da colina. Então em um reflexo, David sentiu-se sendo empurrado por seu pai e ao mesmo tempo escutou um grito.

- “FUJA DAVID!” – Mas no instante seguinte, o Mestre já aparece bem a frente do pai do rapaz, o segurando pelo pescoço e o erguendo no ar.

– “Falam como se pudessem fugir de min, mas ninguém aqui vai fugir!” – Disse o mestre que com a mão livre que tinha, estalou os dedos e quase que imediatamente dezenas de soldados Hunter começaram a entrar na sala e a cercar as saídas. Assustado o rapaz rapidamente se levantou, mas não soube o que fazer ou para onde ir.

– “Agora! Chega dessa conversa, me dê à pedra do trovão.” – Exigiu o Mestre.

– “Pai!” - Gritou o rapaz com tom de desespero na voz, mas ainda assim não podia fazer nada enquanto ele era sufocado pouco a pouco.”

- “Oh... Realmente está querendo que seu pai morra?” – Perguntou o Mestre em tom maligno e cada vez mais apertava sua garganta o fazendo soltar vários sons irreconhecíveis de dor, que deixava David desesperado. 

– “Pare! Não o machuque!” – Exigiu o rapaz.

– É mesmo!?... Então me detenha se puder.” – Determinado a quebrar o espírito do rapaz, o Mestre com um simples movimento atirou o Homem contra a parede e com o simples gesto de fechar a mão, fez a superfície se desintegrar em várias pedras que o prenderam a mesma no momento em que ele a atingiu.

 - “Me entregue a pedra!” – Exigiu o mestre outra vez.

 – “Eu...” – Em uma dúvida que o destruía por dentro, David olhava para o seu pai e via em seus olhos o pedido para não a entregar, mas ao mesmo tempo o mestre fazia as pedras se pressionaram ainda mais contra ele. Desesperado com a situação as lágrimas já caiam do rosto de David enquanto ele falava, ao mesmo tempo que uma expressão de desespero se formava.

- “Ora, ora. Está chorando garoto, quer seu pai de volta? .... Então aqui vai ele.” – Sem qualquer hesitação o mestre faz as pedras envolverem todo o corpo do homem e faze-lo flutuar apenas com a força de pressão das pedras sobre seu corpo e sem qualquer tipo de cerimônia, atirou o homem na direção do filho fazendo cai exatamente onde ele estava, David não conseguiu reagiu a tempo de pega-lo e o viu cair no chão bem a sua frente.

Por causa das pedras que o cercavam, seus braços e outra partes do corpo estavam com várias feridas, de seu nariz e do canto de sua boca uma linha de sangue descia sem parar e mesmo quando David o tocou, ele não esboçou reação nenhum.

- “O que foi? Não me diga que ele morreu?” – David não respondeu, apenas olhava profundamente para seu pai. – “Bem... isso e uma pena, acho que exagerei na força. No entanto, tudo isso poderia ter sido evitado se tivesse entregado a pedra logo de cara.”

Enquanto escutava as palavras do mestre, David apertava seus punhos com todas as forças, seus dentes estavam a ponto de trincar por conta da força que os pressionava e quanto mais ele escutava o mestre falar mais a sua consciência parecia ir embora e foi quando algumas faíscas de luz saíram de seu punho, as provocações e jogos mentais do mestre estavam fazendo sua mente entrar em colapso e quanto mais a raiva se acumulava mais faíscas elétricas começavam a se espalhar por seu corpo.

Um segundo depois, as mesmas param de sair e a mente do rapaz ficou em um branco total. E em um último momento de consciência ele disse algumas palavras. – “Você vai pagar...”

- “É mesmo, como?” – Perguntou o mestre, mas David se manteve em silêncio. – “Não tem resposta, não é? Então eu respondo por você.”

Com um rápido movimento, o mestre correu pra cima de David que soltando calmamente o corpo do seu pai no chão ficou de pé bem a frente do mestre recebendo um soco direto no rosto. – “Você não tem como me fazer pagar.” – Disse o mestre, mas instantes depois após receber o golpe, David não se mexeu e nem sequer pareceu sentir ter sido atingido.

- “Como você?...” – Perguntou o Mestre incrédulo, mas ao olhar nos olhos de David ele viu que eles estavam brilhando em um brilho cinza azulado, então em um rápido movimento, David fechou o punho e uma energia em forma de faíscas se concentrou em volta do mesmo. Após isso David desferiu um soco no estômago de mestre o empurrando pra longe e com tanta potência que ele apenas parou quando bateu às suas costas em uma parede a destruindo quase que completamente.

Mas ele não pareceu se abalar muito e calmamente andou para frente, saindo da quase cratera que havia sido criada e começou a analisar o rapaz. – “Essa energia... ele ativou a pedra?” - Pensou. Mas quando o olhou mais atentamente, não viu nenhuma reação racional no seu rosto, havia uma expressão de ódio muito forte, várias faíscas de energia saiam do corpo do rapaz, até mesmo as veias principais do seu corpo transpareceram num tom de azul e do canto de sua boca descia sangue constantemente até pingar no chão. E ele ainda estava parado no mesmo lugar.

– “Não! Está fora de controle.” - O mestre terminou a sua análise – “De todo jeito irei acabar com ele rápido, antes que se torne um problema maior.” – Com um breve instante de concentração o mestre apenas levantou uma das mãos e fez várias pedras grandes se erguerem do chão, a maioria dos soldados que cercavam a sala começaram a correr sabendo o que aconteceria a seguir e logo em seguida o Mestre atirou todas as pedras em David.

David sem demonstrar nenhuma expressão, se esquivou de todas elas desaparecendo e reaparecendo metros a frente até se aproximar do mestre já erguendo o punho para desferir um soco, então mestre rapidamente se abaixou e tocou no chão levantando uma parede de terra a sua frente pra se defender, mas quando David estava próximo de atingir a parede de proteção, o golpe esperado pelo mestre não aconteceu, ao invés disso o rapaz desapareceu e reapareceu atrás do mestre um instante depois já tendo contornado a parede de pedra e acertando um chute nas costas do mestre o jogando para frente o fazendo atravessar a própria parede. Após ser atingido o mestre rolou vários metros a frente, mas rapidamente se recompôs ficando de pé antes mesmo de parar seu arrasto e praticamente ileso.

– “Ele é muito rápido e imprevisível” – Reparou o mestre. – “E não reage aleatoriamente aos padrões de energia.”

Enquanto o mestre analisava o poder de David como um todo, uma forte energia começou a se acumular no corpo do rapaz causando um brilho tão intenso que era quase cegante. 

– “Esse moleque, ele vai liberar toda aquela energia agora!       – Pensou o mestre enquanto viu uma massa de poder se carregar pelo corpo do rapaz. – “Tsc, não tem jeito, todos vão para o mais longe dele agora! – gritou o mestre a toda força para todos os soldados que ainda estavam na sala.

Então, após poucos instantes na sala haviam apenas, David e o mestre que correu alguns metros, ficando em uma posição defensiva. Então um instante depois David liberou toda energia acumulada na forma de uma grande onda elétrica. A energia se expandiu violentamente em um instante, praticamente vaporizando tudo que tocava.

O mestre então cruzou os braços a frente do rosto e permaneceu firme em sua posição. A onda elétrica por sua vez, desestruturou todo o Q.G. Hunter. Com a força criada o chão, as paredes e o teto ruíram e tudo desmoronou quase que instantaneamente. 

Os Soldados Hunter que não conseguiram fugir foram cobertos pelos escombros, o poder liberado causou um som estrondoso parecido com a queda de dez raios ao mesmo tempo e aquele som foi ouvido em praticamente toda terra do norte.

No meio do que sobrou do Q.G. Hunter, apenas uma parede sobreviveu a onda de energia e bem a frente dela estava o mestre com os braços ainda cruzados afrente do rosto, por todo o seu corpo e principalmente pelos seus braços haviam várias queimaduras geradas por eletricidade, mas quando a poeira abaixou ele removeu os braços da frente do rosto e se mostrou ainda forte e consciente após conseguir resistir a explosão.

Ao mesmo tempo parado no meio da sala e sem nenhuma sobra do Q.G ao seu redor, David permanecia de pé com várias faíscas de energia estourando ao redor de seu corpo. Seus cabelos estavam na cor branca azulada e seu corpo ainda emitia um forte brilho.

– “Aquele miserável ainda está inteiro após quase ter me matado.” - O Mestre notou com um olhar assustado. – “Eu tenho que sair daqui, se eu atacar ele pode revidar e me machucar seriamente ou me matar.” – Deduziu e por um instante ele se abaixou, pegou algo no chão e foi se afastando rapidamente deixando David ali no meio da destruição.

Tendo tomando um pouco de distância, o mestre Hunter entrou na floresta arrastando algo em umas das mãos, a aparência do objeto parecia ser pesada, mas mesmo com apenas uma mão carregava sem dificuldades e enquanto pensava no que havia acontecido.

– “Ter que fugir de um garoto me irrita, mas mesmo se ele não morrer agora, nós nos veremos de novo, David Mayson. Mas agora, há uma pessoa que vai ficar muito interessada em saber de você.”

Com a mão livre que tinha, o Mestre mexeu em seu bolso e retirou algo, sem nenhum movimento muito o elaborado o mestre estendeu a mão para frente e uma luz escura de repente brilhou no meio da florestae o logo em seguida ele desapareceu sem deixar nenhum rastro sequer. 

Enquanto isso David ainda de em pé em meio aos escombros remanescentes do Q.G Hunter, continuou liberando energia descontroladamente, aparentava ter perdido a consciência até que então a pedra do trovão começa a escapar de seus dedos, até cair no chão próximo aos seus pés. Alguns segundos depois a energia que o envolvia foi se dissolvendo aos poucos, seu cabelo voltou a cor normal e o brilho em seu corpo desapareceu e por último ele caiu desmaiado ali mesmo.

Porem a sua luta ainda chamou atenção. O barulho e a dimensão da explosão chamaram a atenção todos na cidade.”

Em uma outra parte da terra do norte, um homem permanecia parado afrente do quartel general Slayer, uma grande construção que era uma mistura de construção clássica com estilo militar, tinha dois andares e era murada por todos os arredores e um grande portão de ferro que dava acesso a uma entrada.

Com uma expressão de seriedade com pouco de inquietude dos pés e olhos, o homem parecia estar ansioso ou impaciente até que então aquela expressão foi quebrada. A frente do portão um batalhão de se aproximava carregando os feridos do combate anterior, caminhando a passos largos, o homem rapidamente se aproximou dos feridos e perguntou ao primeiro soldado que viu a sua frente.

- “Esses são os últimos?”

- “Sim, senhor.” – O soldado respondeu de imediato.

- “E os mortos?”

- “Ainda estão no lugar para serem retirados.” – O Slayers respondeu, com um tom mais obscuro na voz.

- “E quanto ao Capitão Antony, onde ele está?” – Questionou ao soldado.

- “Desaparecido. Não o encontramos nem entre os mortos ou os feridos.”

Com um rápido olhar sobre os Slayers próximos, o Homem notou que a pessoa que procurava não estava em lugar nenhum e decidiu encerar suas perguntas. – “Entendo, levem esses para a enfermaria. Já está tudo preparado.”

- “Entendido.” – O soldado respondeu e continuou em frente.

Na frente do quartel general, os Slayers feridos desciam de carruagens puxadas por animais, os mais levemente feridos eram trazidos com o apoio de outros soldados, mas vários precisavam ser carregados em macas improvisadas, o que deixava o transporte lento e sofrível para os feridos, mas quanto a isso pouco se podia fazer.

Já a algum tempo, os Slayers do Norte sofriam com falta de recursos, desde financeiros a humanos, então toda aquela precária estrutura de resgate, era o melhor que eles podiam oferecer no momento.

Ciente da situação que se encontrava, o homem andou alguns passos em frente passando pelos feridos ao seu redor e enquanto olhava para as florestas e montanhas no horizonte ele pensou: - “Com esse ataque os nossos números caíram para menos de vinte soldados ativos. Até quando essa maldita guerra vai durar?” – Falou internamente com nada além de raiva e frustração no olhar.

Foi então, que em um rápido instante, um clarão se formou no chão e subiu aos céus, um estrondo ressoou por toda a parte, o barulho foi ensurdecedor. Tomando por um susto repentino o homem nem sequer teve reação de fazer algo ao ver aquilo, permanecendo com um olhar incrédulo a a frente.

- “Aquilo foi... um raio?” - Tentou se acalmar e entender o que viu, mas logo fez um olhar sério naquela direção.

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