Fire and Fury - Capítulo 2


v  Capítulo 02 - Floresta das Ilusões.

Era a primeira vez que David saia na terra do Norte e seguia em direção a uma nova terra, enquanto caminhava por uma estrada de terra com nada além de colinas de um lado e do outro. Tudo que David tinha em suas mãos era um mapa da região que ele analisava com cuidado e de acordo com sua análise a próxima cidade já estava entrando nos limites da próxima terra, levaria algo como dois dias de viagem, ou poderia ser um pouco mais, já que David não sabia ler o mapa com perfeição.

As divisão das terras eram feitas de um modo simples de se entender: a terra do norte era chamada assim pois ficava bem mais ao norte, a região era caracterizada pelas montanhas em seu arredores, indo bem mais adentro dessa terra se podia encontrar o mar e o final da cadeia de montanhas que fazia os verões bem quentes já que elas bloqueavam a brisa do mar, mas também fazia os invernos serem muito frios e chuvosos por conta das nuvem que se formavam no topo delas. A próxima terra também era simples de se encontrar, saindo do Norte a terra mais próxima era a do oeste, que era facilmente encontrada se seguisse essa direção, chegando ao oeste a mais próxima de ser encontrada seria o leste, se seguisse nessa mesma direção e por final o sul se realizasse o mesmo processo. Se caso tentasse seguir para uma terra sem intercalar uma anterior antes, a distância se alongaria muito por conta do relevo que cada uma apresentava. O relevo da terra do oeste já se diferia muito da terra do norte.

Ao sair das montanhas, as florestas tropicais eram abundantes e neste momento era isso o que preocupava David. O nome da floresta que se tinha que passar para chegar a terra do Norte era: ‘floresta das ilusões’. Era a principal rota que ligava a terra do Norte a terra do Oeste. Particularmente esse nome não causava medo a David, mas os boatos sobre esse lugar não eram muito bons de se ouvir, dizem que muitas pessoas que entraram naquela floresta se perdiam com facilidade e as outras muitas que foram em busca dos perdidos tiveram o mesmo destino e não se viu mais essas pessoas. Uma floresta que muitas pessoas entram e não saem, mais o motivo ninguém sabia ao certo, nem mesmo David.

Seguido o mapa o tempo todo David chegou facilmente nesta floresta, porém a noite já chegava e David, sabia que viajar a noite não era uma boa ideia, então enquanto ainda tinha luz do sol, David saiu da estrada principal e procurou um lugar para passar à noite e acabou encontrando um grande carvalho envelhecido, seus galhos e folhas eram espessos e grandes e seu tronco grande e espesso podendo lhe dar proteção contra a brisa fria da noite. A escolha de passar a noite ali foi rápida e agora só lhe faltaria uma fogueira, afinal naquele lugar poderiam haver lobos alguns outros animais selvagens.

Deixando sua mochila no lugar para marcar, David andou alguns passos sem se afastar muito do grande carvalho e procurou alguns galhos secos, que foi até bem fácil de achar, afinal era verão e não chovia a messes, então galhos mortos e bem secos foram fáceis de encontrar, após reunir uma quantia razoável para passar noite e usar os fósforos que tinha na bolsa para acender o fogo, uma fogueira foi bem fácil de se montar, ao final de todo trabalho David apenas se sentou encostado ao tronco da arvore e descansou um pouco.
– “A terra do Oeste é a mais próxima agora” – disse o rapaz enquanto analisava o mapa em suas mãos. – “Tenho que ir até lá e conseguir informações sobre as organizações, talvez possa encontrar algo sobre o meu pai também.” – David então colocou mão na gola da camisa e puxou a pedra do trovão presa como um pingente em um cordão. – “Certo, vamos ver se eu consigo fazer alguma evolução com você.”

O rapaz logo se pôs de pé e enquanto segurava a pedra em mão esquerda, estendeu o outro braço para frente em uma postura parecida com a que o Mestre Hunter havia usado, em seguida fechou os olhos tentando se concentrar e limpando a mente o máximo que pode tentou ao máximo se livrar de qualquer tipo de preocupação ou distração concentrando-se apenas em sua pedra, ele reduziu sua respiração a deixando longa e cadenciada e visualizou as faíscas saindo de sua mão, mas quando abriu os olhos não havia nada lá.

– “O que está errado?” – David se lembrou das palavras do Mestre Hunter naquele momento: “você sabe como ativa-la?” e aquilo levou David a pensar o que era necessário para ativá-la, mas por mais que pensasse por quase toda a noite, não conseguiu pensar em nada que fizesse sentido e acabou dormindo encostado ao tronco da grande árvore.

O Dia veio logo em seguida, a luz do sol que passava entre as árvores junto com o calor do sol da manhã acordou David aos poucos, mas como uma criança que não queria se levantar para ir à escola, ele se recusava a acordar virando o rosto na tentativa de esconde-lo sol. David virou seu corpo para o lado, mas esse movimento fez David acabar chutando o rolo do mapa que estava próximo dele, o jogando nas últimas brasas de sua fogueira. Pouco a pouco o papel começou a se queimar com o calor das brasas até ele se queimar por completo fazendo labaredas de fogo subirem. O cheiro de queimado e a fumaça foram direto na direção de David que começou a tossir com falta de ar, até finalmente acordar com os olhos lacrimejando pela fumaça e ver o pouco que restava do seu mapa pegando fogo.

– “Essa não...” – desesperado, o rapaz se levantou e ainda tentou salvar o que restou do seu mapa o puxando do fogo e dando vários tapas com a sua mão na tentativa de apaga-lo, mas acabou apenas queimando a sua mão. Rapidamente ele se levantou e tentou bater com o seu pé pisando várias vezes no mapa, mas ao final de todo seu esforço ele só conseguiu cinzas pisoteadas no chão.

– “Ah... isso é ótimo.” – O rapaz respirou fundo e pegou a sua bolsa indo embora rapidamente. Se pondo na direção da estrada principal, David seguiu em frente baseado no que ainda se lembrava do mapa, após alguns poucos minutos o rapaz conseguiu voltar a estrada principal. A partir de agora ele apenas seguiria em frente, por que de acordo com o que ele se lembrava do mapa, bastava seguir a estrada principal que chegaria a terra do oeste sem muitos problemas.

Mas o que ele não esperava era que após algumas horas de caminhada a estrada se tornaria uma trilha em meio a floresta fechada. Estava um calor insuportável que fazia David suar intensamente, a garrafa de água que trouxe consigo não possuía mais uma gota de água sequer e um cheiro diferente pairava no ar: um aroma doce porém meio forte e meio desagradável dava uma sensação nauseante a David que preferiu ignorar tudo aquilo e continuar andando até que viu algo na estrada.

 – “Mas o que é aquilo? ...” - De repente no meio da estrada o Mestre dos Hunters apareceu e David imediatamente ficou paralisado enquanto o observava. – “Por que ele está aqui?”

Sem nenhuma palavra, o mestre ergueu as mãos mandando uma enorme onda de terra na direção de David que apenas cruzou os braços na frente do rosto e fechou os olhos, mas David não sentiu o golpe o atingindo, o que lhe causou certa estranheza e quando abriu os olhos tudo havia sumido o deixando ainda mais confuso com a situação.

– “Sumiu? O que aconteceu?” –  Sem qualquer ideia do que estivesse acontecendo, David continuou andando pela trilha com um certo receio pelo que viria já se instalando em sua mente e o fazendo prosseguir com cautela. Logo em seguida outra pessoa apareceu afrente de David, que paralisou outra vez ainda mais surpreso do que antes.
– “O que está acontecendo aqui? .... Isso e real?” –  David viu seu pai caído na trilha bem a sua frente, por todo seu corpo descia sangue que se espalhava pelo chão e em um tom de voz quase como um resmungo ele pedia ajuda, sem pensar duas vezes o rapaz foi em direção ao seu pai para ajuda-lo, mas quanto mais ele corria e tentava se aproximar, mas a sua imagem parecia distante. Em uma tentativa de aumentar a sua velocidade, David abaixou a cabeça, serrou os dentes e se concentrou em correr, mas quando levantou a cabeça e olhou para frente ele se deu conta que ele havia sumido.

– “Não pode ser... Será que eu estou sonhando?” – Após a corrida, o rapaz ficou ofegante e parou para descansar apoiando as mãos nos joelhos enquanto recuperava o folego. Como em um passe de mágica David se viu rodeado por plantas no meio da estrada, flores estranhas nas cores amarelas e laranja que liberavam um aroma doce que lhe dava a mesma sensação nauseante de antes.

– “O que é isso?” – Extremamente incomodado sentindo aquele cheiro, ele andou alguns passos à frente tentando se afastar daquele lugar, mas enquanto o seu terceiro passo se afastava do chão, os pés dele haviam desaparecido e ele caiu em um buraco batendo as costas no chão e ficando desacordado.

Depois de um tempo ele sentiu a sua cabeça e suas costas doerem como nunca, um pouco desorientado ele acordou e se viu de frente para uma parede. Ao olhar para os vários lados, David percebeu que estava em um quarto fechado, havia apenas uma porta a frente e uma janela nas suas costas. Quando tentou se levantar percebeu que estava algemado com as mãos nas costas e das algemas seguia uma corrente que estava presa ao chão.

– “Eu estou preso...” – David fez outra análise da sala enquanto pensava. – “Onde eu estou agora...?”
– “Você finalmente acordou.” – uma voz soou próximo a David que virou seu rosto em direção a voz vendo outro rapaz do outro lado da sala que também estava amarrado.

– Quem é você e que lugar é esse?” – Perguntou David de imediato.

– “Meu nome é Alex, e nós estamos presos aqui.”

– “Presos?” – Rapidamente David percebeu que haviam retirado os seus pertences, sua bolsa não estava com ele, mas para sua sorte ele ainda sentia a sensação da sua pedra encostando em seu corpo por baixo da camisa o deixando mais aliviado. Porém ainda assim ele não se sentia confortável e nem se lembrava de como havia chegado ali. Então decidiu fez mais perguntas – “Alex, não é? Quem nos prendeu aqui? e porquê?”

 – “Fomos presos por uma gangue. Uma patrulha de fronteira da organização do Oeste. Mas o motivo eu não sei.”

– “Eu não sabia que tinha uma patrulha por aqui.”

– “Não sabia? Eles fecham a fronteira entre o Oeste e o Norte a bastante tempo, qualquer um que se a arrisque a passar devia saber sobre eles e como são perigosos.”

– “E...” – As ideias de como responder fugiram da cabeça de David. – “Eu devia ter me informado um pouco melhor antes de viajar.” – Respondeu, mas logo se deu conta de algo pelas palavras de Alex. – “Mas e você, se sabia da existência deles, como foi preso?”

A pergunta de David foi bastante esperta e pegou Alex de surpresa.

– “Eu estava indo para o norte procurando uma pessoa, então...” – Alex hesitou um pouco antes de falar, mas continuou. – “Comecei a ter alucinações e quando me dei conta vim parar aqui.”

– “Alucinações?!” – David ressaltou em espanto imediato. – “Você tão bem viu? Ainda bem, eu achei que estava ficando louco. – “Completou com uma expressão aliviada.”

– “Você também?” – Uma expressão de alívio também apareceu no rosto de Alex.

– “O que era aquilo afinal? Parecia tão real.” – a expressão de David ficou séria.

– “tudo aquilo...”

– “Eu não sei. Mas... eu não quero ficar aqui para descobrir, eu tenho algo muito importante para fazer.” – Disse Alex com seriedade.

– “Sim, eu também tenho algo importante para fazer.” – David respondeu com um tom mais sombrio. Alex observou David em silêncio por um tempo e depois chamou a sua atenção.

– “Ei, você quer sair daqui?” – Perguntou.

– “Claro que sim.” – Respondeu David de imediato.

– “Ótimo.” – Alex pareceu por um instante estar tentando tomar coragem pra dizer algo, não sabia se David era confiável ou não, mas ainda podia ser sua melhor chance.

– “Eu tenho um plano para fugirmos. Se me ajudar poderemos nós dois sair daqui.”
– “Verdade!?”

– Sim, eu poderia sair daqui sair sozinho, mas com sua ajuda podemos ter uma chance melhor, o que me diz?” – Alex estendeu a oferta com expectativa.

– “Pode contar comigo, eu ajudo no que precisar.” – Respondeu David com firmeza na sua voz. Internamente David não pode evitar de se sentir inseguro e desconfiado pelo que viria, mas se tivesse a menor chance de sair deste lugar, ele teria que arriscar.

– “É mesmo, eu ainda disse o meu nome. Eu sou David.”

– “Entendi, eu conto com você David. Vou te explicar os detalhes agora.”

A partir dali o Tempo passou de forma devagar e tediosa, por causa da pequena janela atrás deles foi possível ver todo aquele dia e a noite passarem trazendo a manhã do dia seguinte, ainda nas primeiras horas do dia um guarda apareceu na porta de madeira que trancava a sala, destrancou a porta e deixou um pão e um copo de agua a frente de ambos os rapazes, porém eles não podiam usar as suas mãos para comer já que as correntes não deixava que eles entendessem as mão para frente, então tiveram que arrastar o prato de comida com os pés para traze-lo o mais próximo possível e depôs e alguns movimentos conseguiram ficar de costas para a porta, onde o guarda ficaria observando até terminarem, como era de rotina.

Enquanto comia de costas para o guarda, David mordeu o pão e depôs deu um gole rápido na água em seu copo, ao seu lado Alex fazia o mesmo, mas de repente David começou a tossir freneticamente como se houvesse engasgado com o pão.

– “Ei, coma devagar, não vai haver refeição até o final do dia!” -  Resmungou o guarda que os observava.

Mas David não parava de tossir e engasgar e quando ele foi tomar água, acabou derrubando seu copo e a derramando. O guarda então se levantou e deu um chute nas costas de David.

– “Eu disse para comer devagar.”

Mas rapidamente enquanto o guarda olhava para David, Alex se levantou e correu em sua direção, mal ouve tempo para reagir ao movimento de Alex que deu um rápido salto e acertou um chute na sua nunca o fazendo cair para frente já desacordado. Ao ver o guarda cair desacordado ao seu lado e ver Alex de pé já solto, David rapidamente parou de fingir estar engasgado e olhou para Alex surpreso. – “Você... Como se soltou?”

Alex então abriu a mão e mostrou um pequeno parafuso. – “Eu usei isso para me soltar das algemas.” – Respondeu Alex.

No chão, onde as correntes se prendiam, tinha um pequeno arco de ferro, para prendê-lo havia uma base que era presa por parafusos, mas no de Alex faltava um. A resposta de como ele removeu também estava afrente de David, algumas das unhas de sua mão direita estavam bastante desgastadas outras até mesmo quebradas e feridas, se reparasse bem o local de onde saio o parafuso era fácil notar algumas gotas de sangue pelo chão.

– “Esse cara soltou os parafusos com as unhas...” – David concluiu quase incrédulo.

Após ser solto por Alex, David rapidamente se colocou de pé já disposto a ir embora.

– “E agora?”

– “A partir de agora fica um pouco mais complicado, o movimento de guardas por aqui não é grande, mas eu não sei quanto ao resto desse lugar. A partir de agora, temos que andar com cautela.” – Respondeu Alex.

– “Como sabe que esse lugar não é movimentado?” – Perguntou David com curiosidade.

– “Eu já vasculhei toda essa área do andar antes”. - Antes da chegada de David, Alex já havia conseguido vasculhar todo aquele andar, com o mesmo parafuso que tinha conseguiu soltar as suas algemas, conseguiu destrancar a fechadura da porta, sair e vasculhar todo o corredor após o cômodo onde estavam, mas sempre ouvia muitas vozes depois da porta que o separava do resto do lugar e também sempre que o guarda voltava desconfiava da porta aberta, mas para sorte de Alex ele pensava ter esquecido. – “Mas a partir dessa parte...”

– “Entendi. Vamos com calma.” – David rapidamente entendeu o raciocínio de Alex. Com calma ambos saíram da sela em que haviam sido presos, com cuidado abriram a porta e observaram todo o andar, não havia ninguém próximo por todo um corredor repleto de portas. Por onde eles passaram andando rapidamente até chegar a uma porta no fim do corredor.

– “Foi até aqui que eu vim.” – Disse Alex em baixo tom de voz.

– “Certo, vamos continuar.” – Disse David abrindo a porta o mais levemente possível, após conseguir uma abertura de bom tamanho para se passar, puderam ver um pequeno salão com um corredor que levava mais adentro da construção, do outro lado do salão tinha uma grande porá branca, semelhante a que acabaram de abrir e algumas escadas que desciam. Com cuidado ambos andaram até a base da escada onde observaram que levava a outro salão.

– “Não tem ninguém.” – Notou Alex antes de descer as escadas. – “Nas duas vezes que eu vim aqui sempre escutava baralho de vozes e bastante movimentação, mas agora não tem nada.”

– “Isso é ótimo, vamos continuar.” – Sussurrou David.

– “Não.” – Alex fez uma rápida pausa para pensar em algo. – “Ainda não, eu tenho que pegar algo importante.”

– “Agora?” – Perguntou David ainda sem acreditar que Alex queria procurar por algo naquele momento.

 Sim, poder ser que ainda esteja aqui, então eu tenho que procurar uma última vez.” – David sabia que estava em dívida com Alex por tê-lo soltado e pensou que aquele seria um bom momento para retribuir uma parte do favor.

– “Entendi, então eu vou com você. Te ajudo a procurar.” – Alex apenas balançou a cabeça aceitando a ajuda de David. Então Alex foi até a outra porta e a abriu com um movimento suave. A frente havia um outro corredor sem muitas portas, ao checarem uma por uma, descobriram que a maioria eram quartos que em sua grande maioria estavam vazios, outros até davam sinais de que haviam pessoas ainda dentro deles, mas após analisar rapidamente, Alex ainda abriu as portas lentamente para verifica-los com olhares rápidos, mas não havia ninguém e alguns dos quartos haviam janelas abertas  e o vendo forte ao passar pelo quarto balançava as cortinas fazendo um pouco de barulho. Assim concluíram sua pesquisa até completar todo o primeiro corredor.

Mas Alex ainda não quis desistir tão rápido e voltou para o pequeno salão onde havia o ultimo corredor, logo ao entrar nele e checar a primeira sala que eles entraram encontraram um deposito, dentro dele haviam vários objetos como mantimentos e materiais de limpeza como vassoura e outros.

Mas bem no canto de uma parede havia uma mochila vermelha que pertencia a Alex e outra azul que era de David, ao conferirem elas rapidamente os dois perceberam que suas coisas ainda estavam no mesmo lugar, Mas David decidiu não a levar por temer que de alguma forma ela o atrapalhasse na fuga. Alex por sua vez abriu um bolso falso na parte do fundo da bolsa de onde tirou um pequeno saco e o colocou no bolso rapidamente e em seguida se levantou. – “Pronto. Agora vamos procurar uma saída.”

David concordou com a cabeça e rapidamente os dois saíram do deposito e voltaram para os corredores, mas logo começaram a escutar vozes de pessoas subindo as escadas enquanto conversam, sem muito mais escolhas, além de irem até o final do corredor em que estavam, eles continuaram checando cada porta ou janela mesmo que não pudessem saltar por elas, já que estavam em um primeiro andar e a construção era bem mais alta que eles pensavam.

Com uma queda de no mínimo cinco metros, já era o suficiente para quebrar uma perna, ou deixar alguém machucado a ponto de impedir o sucesso da fuga. Procurando qualquer tipo de acesso ou saída eles chegaram até uma sala no final do corredor, mas ao invés de encontraram uma saída acabaram entrando em um tipo de sala de refeitório onde cerca de 10 guardas comiam algo e conversavam entre si. Todos ficaram paralisados e sem voz, David e Alex arregalaram os olhos ao mesmo tempo e sem fazer barulho tentaram voltar pelo caminho que vieram. Eles ficaram tão focados nos adversários que se aproximavam que perderam toda a cautela de prosseguir, mas ao dar apenas um passo para trás, um dos guardas os notou com a visão periférica e olhou exatamente para os dois.

– “Vocês...?” – O homem levou um segundo pra perceber que não conhecia os rapazes que congelaram ao serem descobertos. – “Os prisioneiros estão fugindo.” – O guarda gritou enquanto se levantava em um rápido salto e logo em seguida todos os outros levantaram quase que igualmente ao primeiro.

– “E agora, você não tem nenhum plano para isso?” – Perguntou David com nervosismo na voz.

– “Lamento, mas eu não tenho nada planejado para isso.” – Respondeu Alex com o mesmo tom de voz. Aos poucos os soldados começaram a andar na direção de Alex e David se espalhando e os cercando, tirando a opção de fugirem pelas laterais da sala que eram livres. Então David rapidamente olhou para traz por um instante e disse algo em baixo tom para Alex.

– Vamos voltar para as escadas Alex, pode ser que tenha menos soldados lá.” – A sugestão de David logo foi aceita por Alex que confirmou rapidamente com um aceno de cabeça e uma resposta em tom de sussurro.

– “Certo, vamos tentar.” – Rapidamente ambos deram as costas para os inimigos procurando voltar pelo corredor que vieram, mas logo que o fizeram, eles viram mais cinco soldados chegando pelo corredor bloqueando todo o caminho afrente. Rapidamente Alex percebeu que não derrotaria todos rápido o suficiente para os outros dez não entrarem na luta e mesmo que conseguissem passar por eles de alguma forma, não era possível saber quantos mais ainda poderiam haver mais afrente.

– “Parece que por aqui também não vai dar.” – Disse David com uma risada nervosa. Cobrindo as costas um do outro Alex ficou observando os soldados se aproximarem pelo corredor, e David via os soldados do refeitório. Pressionado, o rapaz procurava uma resposta rápida para fugir dali, foi então quando notou uma janela vazia do outro lado da sala, sem mais ideias a considerar, David logo escolheu aquela janela como rota de fuga. – “Ei, eu tive uma outra ideia.”

– “e qual é?”

– “Corre, agora!” – David anunciou e disparou em frente, Alex por um segundo duvidou do que acabou de ouvir, mas no fim das contas ele ainda o seguiu, David então trombou com um soldado abrindo caminho. David se esforçou ao máximo para se manter de pé e correndo e em seguida deu um rápido salto para subir em cima da longa mesa onde os guardas comiam. Ao final da mesa estava a grande janela que David pretendia saltar.

– “Quer saltar por ali? Essa é a sua ideia?” – Perguntou Alex já adiantando a ideia de David.

– Vai dar certo, é só fazer o que eu fizer.” – Exclamou David passando confiança para Alex que também subiu a mesa logo em seguida. Os dois correram por volta de três metros em cima da mesa, os guardas ainda tentaram atacá-los em cima da mesa e alguns outros tentaram segurar as pernas dos rapazes para tentar desequilibra-los, porém a reação deles foi lenta.

Ao chegar no fim da mesa, David tomou um impulso e saltou, passou direto pela abertura e seguiu livremente pelo ar, Alex saltou quase simultaneamente imitando o movimento de David e logo ao sair os dois planaram por um pouco mais de um segundo até David gritar algo.

– “Se segura na arvore!”

Afrente da janela havia uma arvore de tamanho médio, sua folhagem era densa e tinha galhos longos a ponto de quase adentrarem pela janela. Logo ao sair pela janela ambos acabaram entrando dentro das folhagens com toda a força, tentando se agarrar ao primeiro gralho que conseguissem. Por sorte, Alex conseguiu se agarrar a uma galha forte o suficiente para suportar todo o seu peso em queda e logo depois cair no chão de pé. Ganhou alguns arranhões no processo, mas ao todo estava bem.

Mas ao contrário do primeiro, David autor da ideia não conseguiu se agarrar a mais que folhagens e galhos finos tendo apenas parte de sua queda aparada, caindo no chão com o rosto na terra macia.

– “Ei, você está bem?” – Perguntou Alex ao ver a aterrisagem de David que rapidamente levantou o rosto ainda cheio de terra e fez um sinal de ‘Ok’ com os dedos.

– “Ótimo, por que ainda vamos ter que correr!” – Anunciou Alex, que percebeu que os guardas que estavam na sala do refeitório já não estavam mais lá. O que significava que provavelmente estavam se preparando para prossegui-los. Alex então saltou do galho que segurava e ajudou David a se levantar, ambos então começaram a correr floresta adentro sem uma direção clara, mas foi nessa hora que Alex se lembrou de algo. – “Espera um pouco e se aquelas alucinações voltarem?”

– “Nos preocupamos depois, agora vamos nos preocupar em correr.” – Respondeu David e sem se importar muito com a direção, ambos correram o máximo possível até as suas pernas não suportarem mais, logo os dois acabaram chegando a uma estrada de terra em meio a floresta, onde pararam para recuperar o folego. Alex ficou o mais esticado possível e ergueu a cabeça para traz como se tentasse fazer o ar tomar o caminho mais rápido até os pulmões, enquanto David apenas se apoiou nos joelhos enquanto respirava fundo.

– “Será que eles ainda estão nos seguido?” – Perguntou David.

– “Eu não sei. Mas eles conhecem esse lugar bem melhor do que nós, então eles vão acabar nos encontrando se ficarmos muito tempo parados.” – Explicou Alex.

– “Tem razão...” – David fez uma pausa para cuspir um pouco de terra que havia ficado na sua boca. – “Droga...” – e cuspiu mais um pouco. – “De quem foi a ideia genial de pular uma janela?” – Perguntou David indignado.

– “Foi sua, não se lembra?” – Respondeu de forma seca.

– “Ah! é mesmo...” – Disse David em tom meio distante e depois deu um sorriso meio despreocupado.

– “Aquela foi uma ideia bem doida, como sabia que tinha uma arvore para nos segurar?” – Perguntou Alex com curiosidade.

– “Bem...” – David fez uma rápida pausa para pensar no que dizer. – “Não sabia, apenas tentei a sorte.

 – “Ah... entendi.” – A indiferença na resposta de Alex foi clara, não queria discutir já que haviam conseguido sair, porém em seu rosto havia uma expressão de descrença e irritação com a resposta de David e essa expressão incomodou David.

– “O que foi?”

– “Sabe que a gente poderia ter morrido ali não sabe? E você faz algo dependendo da sorte.” – Alex falou em tom de desaprovação.

– “Eu sei, mas que escolhas tínhamos?” – Admitiu David. – “E procurar aquela sua ‘coisa importante’ também colocou um risco a mais na fuga, se ficássemos ali, íamos ser pegos de qualquer jeito.” – ao chegar naquele ponto do assunto, David então percebeu algo e logo depois ficou sério.

– “Alias... O que foi aquilo que você pegou, pode me contar?” – Alex olhou seriamente na direção de David, mas não disse nada e ao invés disso, se virou na direção contraria a David antes de responder.

– “É algo de extrema importância pra min e eu não podia deixar aquele lugar sem isso.” – Alex falou com um fervor ainda maior que das vezes anteriores atiçando ainda mais a curiosidade de David.”

– “e o que é?”

– “Não lhe diz respeito.” – Alex cortou a conversa e percebendo que ele não falaria, David decidiu não fazer mais perguntas. O clima inicial de colaboração havia desaparecido totalmente agora, eles haviam se ajudado a sair e naquele momento aquilo era a única coisa que importava. Eles não eram amigos, apenas tinham se encontrado em uma situação onde seus interesses eram iguais e precisavam da ajuda um do outro para conseguirem escapar.

Alex então se virou uma última vez e apontou para uma direção dando a David algumas instruções. – “Eu acho que conheço essa estrada, continue seguindo por essa direção e chegara na terra do oeste antes do anoitecer. Obrigado por me ajudar na fuga, mas agora vamos nos separar. – “Alex então voltou a andar em direção ao norte, enquanto David o observava ir embora.”

– “Certo, obrigado por me libertar, tome cuidado.” – Disse David friamente.

– “Igualmente.” – Ambos trocaram comprimentos pela ajuda que receberem um do outro, nada mais nada menos e sem mais questões resolveram voltar a seguir seus caminhos. Mas logo um vento gélido passou entre os dois, a temperatura da floresta baixou de tal forma que era possível ver fumaça saindo da respiração de David.

– “O que e isso? O inverno chegou mais cedo?” – Perguntou o rapaz ao vento, mas ao sentir aquele frio, Alex rapidamente se virou e olhou para trás assustado.

– “Não pode ser...”

Oculto pela floresta estava a sombra de um homem, cada vez mais que ele se aproximava o frio ia aumentando a ponto de fazer os lábios de David ressecarem, se racharem e os dedos tremerem freneticamente.

– Quem... é aquele?” – Perguntou David incrédulo pelo que sentia, ele nunca havia sentido todo esse frio mesmo durante os piores invernos que já havia presenciado. Rapidamente Alex voltou e parou ao lado de David.

– “Não podemos ficar aqui David, vamos embora agora.” – Alex então segurou o braço de David e o puxou na tentativa de leva-lo para fugir, mas de repente ele sentiu algo prender seus pés. Ao olharem rapidamente para ao chão, Alex e David notaram que uma crosta de gelo se formou e agora os maninham presos ao chão. – “Mas o que...?”

            – “Onde pensão que vão?” – Disse a pessoa misteriosa enquanto se aproximava. – “Logo quando eu chego vocês já querem ir embora.”

– “Gelo...” – pensou o rapaz espantado. – “Quem é você?” – David exigiu saber mesmo que se sentindo muito nervoso por dentro. O homem que apareceu a sua frente era alto e com bom porte físico, possuía olhos pontudos e raivosos, tinha cabelos curtos de uma forte cor escura.

– “Eu? Meu nome e Jason. Prazer com conhece-los.” – O homem se apresentou e Alex logo fechou o rosto com preocupação enquanto David ainda estava um pouco confuso com a situação.

– “Droga. Essa era a última pessoa que eu pensei que fosse aparecer.” – Disse Alex com bastante preocupação na voz.

– “Por que? Ele é um problema?” – Perguntou David.

– “Sim, o pior que podíamos ter agora...”





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